sábado, 23 de junho de 2012

Penas de covardia

Quando os olhos azuis de Hot fixaram as penas brancas que lhe entreguei, várias cenas percorream o meu pensamento como quadros pendurados. Na noite anterior, ele havia passado horas acariciando minhas pernas e concentrando seus beijos na minha carne macia. Apanhou a taça de cabernet e pousou à mesinha próxima ao sofá, as cortinas cerravam o ambiente, proporcionando meia luz em pleno dia. Sorrateiramente, estendeu as mãos, conduzindo um convite de irmos até a suíte e enquanto, percorríamos o corredor, despia-me. Quando nos lançamos no quarto uma luz negra luzia, contrastando a lingerie branca que ainda me guardava o sexo e bronzeava minha pele. -Surpresa, Gata! Exclamou Hot, sugerindo uma transa ao encostar as pontas dos dedos em minha cintura e os lábios na minha nuca. Deixei ficar nua ao me deitar no chão em movimentos vagarosos. Ligeiramente, seus dedos procuraram o elástico do calção para aliviar e oferecer o pênis. A outra mão se mexia, não contentando-se com os círculos em torno do sexo, ele procurava por outro orifício. Ora, oferecia-me o pênis, ora a boca, ora chupava com magnitude suas bolas, enquanto meus olhos contemplava as leves mordidas de canto de boca, seus dentes molhados e seus olhos semi cerrados, luzindo prazer. Meus seios rijos inchavam na direção de sua boca, orientando o percurso ao toque do mamilo às partes do corpo de Hot que se expandiam, pairando sobre mim. Abriu minhas pernas de modo grosseiro para deixar meu sexo exposto, enfiou a mão e com o braço apanhou minha lombar, curvando meu corpo e me virando ao avesso, as nádegas se voltavam totalmente para ele. Inclinou meu tronco, puxando pelo cabelo e achou meus seios e exprimiu, enquanto se lambuzava entre as pernas abertas, como uma abelha que pica a flor, a língua trêmula infiltrava de um ponto a outro e só parava quando cerrava com os dentes a covinha da coluna. E, mais uma vez apanhei à força o sexo deste homem que não me servia. Hot era muito parecido com substância química, era uma verdadeira armadilha, mais uma promessa de dor do que de prazer. A manhã dominical foi crucial. Quando o telefone tocou, Hot se apressou em arrumar a bagunça que espalhamos pelo chão à sombra de tudo que fomos. Por um tempo esqueci como era o caminho de volta e permaneci ali... entorpecida. Meus esforços no sentido de aceitar esse triângulo amoroso com Hot prejudicavam ainda mais meus instintos de reação, de combate ao que não estava certo e ao que não era justo. Na tentativa de adequar à um comportamento libertador me dispus a aceitar o substituto fatal: a solidão. Da janela do carro via as cores das folhas caídas que desenhavam o caminho de volta, era a estação da alma, da àrvore despida em flor. Quando o carro parou entreguei as penas brancas, como símbolo de sua covardia, por me deixar ir.

domingo, 30 de outubro de 2011

Armadilha


Por algum instante quando me remeti ao meu aquário, pensando que estivesse o esquecido.

Embora o peixe beta overhalfmoon com suas barbatanas, formando no conjunto uma lua quase cheia, numa máxima expressão de beleza e harmonia, tanto pelas longas caudas, pela força, pelo tamanho e pelo estado de perfeita saúda em que se encontrava... Nadava por lá há mais de 2 anos, sozinho.

Sinal que havia sim uma certa harmonia, pois é muito mais difícil manter a àgua do aquário limpa.

Com o intuito de criar para o bem ou para o mal, não sei, resolvi dar vida ao que já estava latente, numa correnteza de turbulentas idéias.

Quando passei a me importar com meu Beta, de modo a perturbar as aguas calmas do meu aquário, cada vez mais peixes betas com outros tipos de caudas, como as duplas, as de coroa, de véu, com cores diferentes, cores exóticas, nuances e contrates enfeitaram ali.

Contudo muitos sentimentos vieram à tona, sentimentos íntimos como expressão do pensamento ou da força masculina, o animus. Que extraia todo o oxigênio de dentro do aquário, tornando a agua estéril.

O ultimo peixe beta que cultivei era onipresente, impiedoso e violento, já tinha matado a primeira fêmea, sabia o momento certo para colocar os marcos (ovos) para ganhar ou perder.

Algo me dizia, quer dizer o animus dizia, que era preciso cultivar melhor o aquário para receber a fêmea, de forma redonda e angulosa, de tal as mulheres de curvas das obras impressionistas de Renoir e, ainda confeccionar um ninho para ela de forma a viver separada do macho até chegar o dia do abraço.

Num perfeito desiquilíbrio, entre a água turva e a armadilha feita, o peixe macho se apresentava numa dança insana... O animus me fez crer que era uma dança da fecundação. Mas, ela surgiu como uma reação dos aspectos negativos ou daquilo que era enlouquecedor.

Por conseguinte, aquela dança cessou a criação e me trouxe inquietações, talvez eu não estava cuidando bem desta agua? O animus, desta vez me culpava...

As manchas esbranquiçadas , sua doença, sua dança descontrolada, a busca incessante do oxigênio na superfície coagulou a agua do aquário ao invés de fertilizá-la e anoiteceu morto, numa forma deteriorada da vida, póstumo no fundo do aquário entre as pedras desvão.

Sua virilidade não fez borbulhar as aguas, não se fez ser idêntico, não renasceu, seus ovos não surgiram das cinzas, como uma fênix.

Algo deu errado nesta relação... A fêmea agora em liberdade nadava entre outros peixes de outras espécies.

Era mais que preciso dragar o aquario em busca de vida, em busca do self... Era preciso tornar oanimus saudavel, fazendo com que ele deixasse de assumir o comando da vida.

De certo, um relacionamento poluído, destruído por tempos... Como seria possível criar algo agradável em circunstancia difíceis e que não fazem bem?!

Só então, percebi.




segunda-feira, 20 de junho de 2011

hot

Chegou o momento em que o desejei...

Sem aviso, pus a língua para fora e deslizei-a ao longo da delicada e suava haste de Hot, que estava ligeiramente curva e a pele retesada.

Eu também estava trêmula agora e tinha dificuldade em respirar.

Dos meus olhos escorriam lágrimas.

Os dedos dele tentava seca-las enquanto isso a outra mão segurava meu queixo contra sua virilha.

Bola gato, bora Gato, ora Gato...

Estava a afixiciar quando forte ele me puxou pelos cabelos... meu pulmão se encheu de ar e então suas mãos me guiaram pelo pescoço e minha boca encontrou a dele.

Pela minha boca escorria gozo e com a ponta de sua língua experimentava o próprio néctar. Se lambuzava de si em mim... provava então, tão amargo e sensual aquele gosto.

Como um leão que banha com a língua, ele secava meu queixo marcado pela lasvícia.

Cuspi nele.

E, com a mesma palma que limpara meu rosto devolveu um breve tapa pela tal indelicadeza.

Pra me castigar mais segurou meu rosto e lascou um beijo, querendo alcançar minha garganta e assim eu chupei sua língua piedosamente.

Quando meus olhos encontraram os dele, impus: “Pra sempre!”

O tempo paralisou.

Uma reação desencadeou no corpo dele, um ruido glacial dos rins cortou o silêncio, sintomas físicos desconfortáveis o padeceu e reclamou dor de estômago, palpitações, hiperventilação, sufoco, opressão, aprisionamento... Os pêlos de sua nuca ficaram arrepiados!

E, a partir daí nunca mais ninguém viu aquele homem que me atropelou e fugiu!


terça-feira, 28 de abril de 2009

ANJOS DO SEXO

(Foto: Pat Lee)


Meninos Meigos, vorazes

Meninos Serenos, audazes

Meninos quentes, carentes

Meninos amantes, ardentes

Meninos não dosam

Gozam e Gozam

quinta-feira, 16 de abril de 2009

DOR QUE DÓI MAIS

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do amigo que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos idade. Doem essas saudades todas. Como diz Chico, “saudade é como arrumar o quarto de um filho que já morreu”.
Mas a saudade esmagadora é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para a praia, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua tossindo à noite. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o ginecologista como prometeu. Não saber se ele tem comido ovos com gema mole no jantar, se ela tem assistido as aulas do cursinho, se ele aprendeu a usar o controle remoto da Sky, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton Mint, se ela continua preferindo Coca-Cola, se ele continua esquecido, se ela continua sorrindo, se ele continua dormindo de meias, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais careca, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

domingo, 5 de abril de 2009

LONGA ESPERA

(M. Maya 2007)


"Venha a mim e seja qualquer coisa incerta
Uma pedra no escuro, a rigidez e a forma dando vida ao que está latente,
Permanecendo em absoluto, uma pedra é uma pedra a todo instante
E a noite que será sempre uma longa espera, desejerá ardente um amor sombrio e indolente
Venha a mim e seja qualquer coisa incerta que se cumpre simplesmente."

quinta-feira, 2 de abril de 2009

DEPOIS DO AMOR


Depois do amor suas mãos
Duas crianças carentes
Repousa no meu ventre

Suas pálpebras como grama úmida
Apontam pra luz dos meus olhos

Depois do amor violência e doçura do prazer
Um trago, um gole d´agua, um copo de suco

Depois do amor
Desmanchado em gozo

Eu quero tudo isso e você de novo!

quarta-feira, 1 de abril de 2009

TEU MAIS ELEVADO ARDOR

(M. Maya 2007)


Tu que viajas de trem, de onibus, de avião, de ilusão, que me tens...

Tu que me inspiras...

Com tua voracidade...

Que só me tens com simplicidade...

Pensas que sinto saudades?

A - COR - DAR



Deitar ao seu lado
Embriagar no seu cheiro
Tocar seus pés com os meus
Sentir seu abraço
Aquele sexo guardado pra nós.
E não me entregar!
Regras posta pela sociedade
Foda-se o escárnio
Penso em ti, logo, penso em mim
Renego toda forma de amor
No irreal gozamos
Nossos corpos cansados do amor...
Encarar o mundo novamente
E, não o vejo em minha frente!

segunda-feira, 30 de março de 2009

MULHERES DE ANGELINHA

(Angela 2003)

"(...) roda da vida... ela gira e pode recomeçar de onde ela parou..."
Yra Castro*

domingo, 29 de março de 2009

POR QUE NÃO TOCAR?

(Foto: Nuno Manuel Baptista)

"Porque já não te estimo bastante e você não me ama mais."

"Sua própria conciência já lhe dá bastante trabalho!"

"Minhas miseráveis paixões!"

FELIZ ANIVERSÁRIO GAVETA

(M. Maya)
Das coisas guardadas na gaveta que completam mais um mês! Parabéns Gaveta!!!
"Tu ne sais pas aimer, tu nes sais pas
Jamais, jamais tu ne sauras!
Tu ne sais pás aimer, tu ne sais pás
Em vain je tends les bras."

sábado, 28 de março de 2009

ÀQUELE QUE TE SUGA:

(M. Maya 1999)
O vínculo fraco faz o indivíduo ficar com receio do novo: ele fica preso às experiências passadas e tem dificuldade de se relacionar com as pessoas, lugares e situações desconhecidas.